terça-feira, 8 de maio de 2007

Como uma nação prova que é avançada tecnologicamente







A America's Cup é a mais antiga competição esportiva que eu tenho notícia. Ela é uma competição entre países e é disputada desde 1852. Tem atraído mais público em Valência na Espanha na marina onde ancoram os barcos do que qualquer clássico de futebol brasileiro decidindo título. É enorme a atenção da mídia e as regatas passam nas TVs de quase todo mundo (mais de 150 países e o Brasil fora disto).

A Louis Vuitton Cup é a competição que define o desafiante do barco da Suiça Alinghi, o atual detentor da America's Cup e que levou a taça de volta para a Europa depois de mais de 150 anos. A LV Cup está quase na semifinal e já tem definidos os participantes: BMW Oracle Racing, Emirates Team New Zeland, Luna Rossa Chalenge e Desafío Español 2007. Falta apenas a rodada de amanhã para acabar o round robin 2 (2o turno). Nesta rodada o barco da China, que está na foto, ficou como bye e não compete mais. Hoje foi o último adeus do Dragão.

Estes barcos são extremamente sofisticados e representam o estado da arte em termos de projeto e construção naval pois a
America's Cup é considerada a Fórmula 1 da vela. O orçamento de uma equipe para participar competitivamente beira ou ultrapassa os 200 milhões de Euros. Os recursos computacionais usados no projeto dos barcos são comparáveis aos do projeto de um carro de fórmula 1. Os barcos também passam por diversos ensaios em túneis de vento. Os materiais empregados são sempre de última geração causando inusitadas dificuldades de fabricação tando do casco como da mastreação e das velas.

Como eu disse antes, é uma competição entre países e o regulamento exige que o barco seja construído no país origem da equipe. Pode haver mais de um barco por país e os velejadores podem ser de qualquer nacionalidade. Como não temos um barco brasileiro, o nosso campeoníssmo Torben Grael é quem decide os rumos, ou seja, é o tático do excelente barco italiano Luna Rossa patrocinado pela Prada, Tim, mais um grande banco italiano e outros grandões que nem me lembro.

Provar ao mundo que detém conhecimentos e tecnologias inovadoras como as necessárias para construir um barco destes, é um dos meios usados como ferramenta de marketing para convencer aos importadores do resto do mundo, de que os produtos de um país são bem fabricados. Os japoneses fazem muito isto quando anunciam aqueles robozinhos que não servem para nada mas que nos deixa todos extasiados com a sua tecnologia.


Pois bem, foi isto que fizeram os chineses. Entraram para a America's Cup, perderam quase de todo mundo mas estão lá no seleto grupo de países capazes de fazer isto.

E porque não fazemos igual no Brasil?
Não é por falta de torcida. Acho que é por falta de visão do nossos industriais exportadores ou dos órgãos governamentais que fomentam as exportações. E é isto que está emperrando o deslanche do projeto de repetir o feito de 2005/2006 quando aconteceu a nossa maravilhosa participação na regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race com uma equipe quase toda de brasileiros e o super barco Brasil 1 construído aqui.

Chinês tem olho fechadinho mas parece que enxerga mais longe do que os brasileiros.

Um comentário:

Roberto La Torre disse...

Luca
(blog da hora!!!...parabéns!!!)
concordo contigo qto a inépcia dos nossos investidores, sejam eles de qualquer segmento.
temos torcida aqui na terrinha, mas infelizmente nos faltam dirigentes competentes pra vender o produto.
se houver um Brasil 2, este deverá ser construido à vespera da VOR, e novamente dependerá da abnegação de meia duzia de heróis..
lamentando....mas torcendo sempre!!

Quem sou eu

São Paulo/Paraty, SP/RJ, Brazil
Engenheiro estrutural COPPE/UFRJ por formação, desenvolvedor Java por experiência e poeta se sobrasse tempo